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Rádio Estação—para ouvir no sítio invisível e a estreia de ARCA

Desenho de Daniel Silvestre para a rubrica Arca

11 Fevereiro 2021

 

Depois do lançamento do website do Museu da Cidade na passada quarta-feira, para navegar e descobrir a programação que aqui se aloja, destacamos o sítio invisível.

 

No sítio invisível, uma cortina negra ocupa o ecrã e convida o visitante a fechar os olhos e a tornar-se ouvinte: está no ar a Rádio Estação.

 

A Rádio Estação, cuja primeira experiência se desenvolveu na Feira do Livro do Porto de 2020, ocupa agora morada fixa online. O projeto assume-se como uma rádio—em—abismo, sem locução, com rubricas que pretendem alcançar públicos e interesses muito distintos, enquanto o Pólen estende a paisagem sonora das estações do Museu da Cidade. Desde a passada semana que a Rádio se começa a expandir, convidando o ouvinte a percorrer a cidade, agora quase vazia, através da escuta.

 

É no meio da rádio que um dos principais objetivos do projeto para o Museu da Cidade se consubstancia: o desenvolvimento do eixo sonoro, um ponto de emissão que parte das estações e irradia o espaço entre elas. Esta missão ganha uma força acrescida no atual contexto em que vivemos.

 

No entanto, a Rádio Estação pretende manter emissões especiais e presenciais em incursão nómada – à semelhança do que decorreu na Feira do Livro do Porto – , com primeira estadia na Biblioteca do Marquês, já na Primavera, se o atual contexto o permitir.

 

A ESTREIA DA RUBRICA ARCA

 

A partir de hoje estreia a rubrica ARCA, uma colaboração com a estrutura musical portuense Matéria Prima. Três notas interrompem a emissão da Rádio Estação para abrir a ARCA, uma nave que percorre as latitudes criativas locais e desafia todos os silêncios.

Concertos inéditos e esquecidos ou desconhecidos, um arquivo de tesouros, de fundo perdido para o ouvinte descobrir diariamente e sem hora marcada. A Matéria Prima incorre, assim, em missões de reconhecimento que captam o pulsar e a efervescência criativa da cidade, transmitindo uma seleção afinada.

 

A Rádio Estação abre também hoje uma página de Instagram para receber as informações sobre o sítio invisível, em paralelo com as redes do MdC /museudacidadeporto.

 

Além do destaque, convidamos a conhecer a grelha desta rádio—em—construção e expansão:

 

PÓLEN

—sonda sonora da cidade

Durante toda a emissão com interrupções para a ARCA e as rubricas.

 

Sonoridades compostas a partir de gravações de campo captadas no entorno das estações do Museu da Cidade. O arranque é dado por Samuel Martins Coelho e Nuno Preto, do Colectivo Espaço Invisível, estendendo-se em breve a outras colaborações e artistas.

 

DIÁRIO DA PESTE de Gonçalo M. Tavares, escritor em residência

Diariamente às 12H + 22H (repetição)

 

O escritor Gonçalo M. Tavares começou um Diário. Um Diário da Peste, escrito ao ritmo que a epidemia se espalha pelo mundo, escrito ao ritmo de um isolamento, que é o isolamento de todos.

 

RELATÓRIO PERIÓDICO em parceria com a Fonoteca, por Armando Sousa

— incidências arquivísticas na Fonoteca Municipal do Porto

Todas as Segundas 23H + Quintas 16H (repetição)

 

Uma seleção musical que acompanha a catalogação do arquivo sonoro da cidade em vinil. Uma relação material com o disco, eco de um processo em curso — o tempo de pôr a agulha, ouvir, tirar a agulha, virar o disco, guardar. Comentado por Armando Sousa, responsável pela programação e Arquivo da Fonoteca.

 

COLAPSO por Tomás Cunha Ferreira e Domenico Lancellotti

—colagem ou colisão de elementos sonoros que despoletam imagens, ou que pelo inverso, partem de imagens para depois as implodir

Todas as Sextas 23H + Segundas 16H (repetição)

 

Um movimento constante entre construção e destruição troca as voltas que o mundo dá, chegando até à natureza interior. A rádio trabalha com construção visual, através de som, ruído, voz, música, e outros padrões subterrâneos. Pinturas e fotografias contêm som. O programa parte de fora para dentro e do interior para lá do ser: ritmos, leituras, entrevistas, ideias, transes. Derrocada das estruturas. Sempre em circuito aberto.

 

 

ESTAÇÃO SONOPLASMÁTICA por Ruca Bourbon

— vinda do apocalipse invasor de campos eletromagnéticos modernos

Todos os Sábados 23H + Terças 16H (repetição)

 

Devaneios sonoros apresentados em formato ‘programa de rádio’ onde serão usados meios de transmissão contemporâneos e antigos, analógicos e digitais para mostrar raridades do futuro, arquivos perdidos do passado, apropriações ilícitas, desconstrução de discursos , Instrumentos musicais experimentais, audio-colagens, versões obscuras, técnicas de desorientação, plunderphonics, cut up, mensagens subliminares…

 

 

INVENTÁRIO por Luís Aguiar Branco

inventário oral das ruas e dos edifícios da cidade

Todos os Domingos 16H + Quartas 10H (repetição)

 

Deambulações pela alma da cidade com primeiras paragem nas praças da cidade, tradicionais lugares de encontro, agora vazias, em pleno confinamento.

 

 

FIM DE EMISSÃO

— Fevereiro—Jardins Nocturnos, de Pedro Augusto

Diariamente da 1H—9H

 

Com transmissão diária em horário noturno, convidamos mensalmente artistas sonoros a desenvolver composições generativas originais de longa duração.

O mês de fevereiro é preenchido com a proposta de Pedro Augusto, com a peça Jardins Nocturnos, um trabalho sonoro com recurso à programação analógica em volta do sintetizador modular. Ao longo de oito horas, a composição regula-se e regenera-se autonomamente. Não há qualquer edição posterior que modifique os índices de aleatoriedade pré-definidos pelo compositor.