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Cadernos de Aurélia de Sousa. Coleção Museu do Porto | Casa Marta Ortigão Sampaio. Fotografia de António Alves
A celebração da artista portuense tem início com uma sessão do ciclo «Um Objeto e seus Discursos», ainda em maio, e regressam as ações no âmbito do projeto educativo «Aurélia, Livre Consciência de Si». Em junho, no dia de celebração dos 157 anos do nascimento de Aurélia de Sousa, abrirá uma exposição na Casa Marta Ortigão Sampaio, com intervenções no espaço inspiradas nos cadernos, por Ana Allen e Jiôn Kiim. O ciclo «Dança no Museu» estreia-se com criações a partir do icónico autorretrato de Aurélia de Sousa enquanto Santo António.
Aurélia de Sousa, a mais talentosa e bem preparada artista feminina do seu tempo, continua a maravilhar-nos com a expressividade e modernidade que imprime às suas composições. Os seus cadernos de desenho, objetos íntimos de pensamento, ensaio e estudo, dão a conhecer um mundo fragmentário, que nos deixa pistas para um entendimento maior da mulher e da obra.
É a partir destes objetos, que acompanharam a prática da artista no final do século XIX e fazem parte da coleção do Museu do Porto, que tem início a evocação de Aurélia de Sousa. Um caderno foi produzido na Academia Julian, em Paris, com estudos de figura humana; o outro foi desenvolvido no Porto e contém representações de diferentes paisagens da cidade.
O ciclo «Um Objeto e seus Discursos» dedica a segunda sessão de maio às narrativas visuais contidas nos cadernos de Aurélia. No sábado, 20 de maio, às 18h, a Casa Marta Ortigão Sampaio recebe Maria Aguiar e Ana Allen, para um diálogo em torno das leituras possíveis sobre a obra da artista, com moderação a cargo de Marta Bernardes.
A programação que celebra a personalidade transformadora da artista contempla o regresso das atividades no âmbito do projeto educativo «Aurélia, Livre Consciência de Si». Num trabalho desenvolvido ao longo do ano letivo 2022/2023, duas turmas do Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa (6.º ano e 10.º ano), abordaram temáticas como a representação, a liberdade, o papel do homem e da mulher na sociedade, em diferentes tempos e lugares, a partir de encontros com a coleção da Casa Marta Ortigão Sampaio.
Desses encontros surgem discursos, imagens e representações, que serão partilhados com o público em duas visitas encenadas: quinta-feira, 4 de maio (17h30, com os alunos do 6.º ano) e domingo, 28 de maio (15h, com os alunos do 10.º ano). Também neste âmbito, entre 13 de junho e 16 de julho, estará patente a mostra «Ecos no Museu», concluindo este ciclo que integra o Plano Nacional das Artes.
Para Aurélia: desenhos de fuga
Em celebração dos 157 anos do nascimento de Aurélia de Sousa, inaugura na terça-feira, 13 de junho, a exposição «Para Aurélia: desenhos de fuga». A partir de um desafio lançado a duas artistas da cidade — Ana Allen (n. 1985, Porto) e Jiôn Kiim (n. 1982, Busan, Coreia) — abrem-se, de modo inédito, os dois cadernos da artista, ligando memória e futuro, criando a partir desse material outros possíveis, de inspiração telúrica e exótica.
Com curadoria de Rita Roque e Cristina Regadas (Museu do Porto), a exposição está patente até 28 de janeiro.
Ana Allen e Jiôn Kiim juntam-se, numa conversa moderada por Marta Bernardes, às 18h de quinta-feira, 15 de junho, para refletir sobre a importância histórica da figura de Aurélia de Sousa, e a influência e pertinência da sua obra.
No dia seguinte, o icónico autorretrato de Aurélia de Sousa enquanto Santo António lança a estreia do ciclo «Dança no Museu». A pintura integra a exposição «Metamorfoses: Imanência Vegetal, Mineral e Animal no Espaço Doméstico Romântico», patente no Museu Romântico – espaço que recebe a estreia, às 19h de sexta-feira, 16 de junho, com assinatura Daniela Cruz (interpretação) e Pedro Neves (realizador).
«Dança no Museu» é um projeto artístico multidisciplinar, coproduzido pelo Museu do Porto e pela Academia Contemporânea do Espetáculo – Teatro do Bolhão, com conceção geral de Joana Providência. Articula as artes visuais, a dança e o vídeo, propondo a criação de dois objetos artísticos – uma performance-instalação e um vídeo-dança – em torno de obras de arte existentes em seis espaços do Museu do Porto.