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DERIVA #17 — FLORA INSUBMISSA DO BETÃO

BAIXA DO PORTO

Fotografia de A Recoletora

Quanto mais urbanizados somos, mais alheados ficamos da natureza vegetal que nos rodeia. Nesta deriva, vamos deambular pela Baixa do Porto e aprender a “ver” as plantas ruderais, aquelas que crescem espontaneamente e de forma resiliente em meios fortemente perturbados pela ação humana — nas bermas das estradas, nos interstícios do betão, nas rachas do alcatrão, entaladas entre as pedras da calçada, nos telhados, nos canteiros das árvores ou nas sarjetas.

 

As ervas que despontam nos materiais duros da cidade e das suas terras saturadas de ferro, fosfatos e nitratos; não são “daninhas”, são insubmissas. O nosso desdém por elas nasce dessa rebeldia, de nascerem “fora do lugar”, de não respeitarem a geometria que impomos para a cidade.

 

Partindo da premissa que saber nomear as plantas é o primeiro passo para expandir a nossa perceção do mundo vegetal que nos rodeia, vamos identificar, conhecer e mapear em conjunto os últimos redutos de resistência contra o solo urbanizado do Porto, percebendo a importância do microcosmo onde o dente-de-leão, a serralha, o amor-de-hortelão, a bolsa-de-pastor, a urtiga ou a alfavaca-de-cobra convivem.

 

Com esta caminhada, A Recoletora quer consciencializar os participantes para o valor e a beleza das plantas que andamos — literalmente — a pisar nos nossos percursos quotidianos, contribuindo para uma reflexão crítica sobre a relação da arquitetura e do planeamento urbanístico com a pele vegetal da cidade. A biodiversidade não floresce em jardins ordenados monoculturais ou em relvados aprumados; a biodiversidade brota do chão teimoso que quer voltar a ser selvagem.

 

Ponto de encontro: em frente à Câmara Municipal do Porto, junto à estátua de Almeida Garrett

 

A Recoletora é a prática comum do artista Alexandre Delmar e da designer Maria Ruivo, dedicada ao estudo dos lugares de reciprocidade e interação entre as comunidades humanas e as vegetais. Num trabalho de contínua de pesquisa, inventariação e mapeamento das plantas espontâneas comestíveis ao resgate de conhecimentos ancestrais e contemporâneos, propõe-se uma redescoberta da cidade através da recoleção e da deambulação pelos territórios do baldio urbano e da paisagem construída. Juntamos botânicos, herbalistas, chefs, artistas, arquitetos e designers num projeto colaborativo e itinerante, que tem como objetivo trabalhar as temáticas relacionadas com a autonomia alimentar, a recoleção, o herbalismo, os saberes-fazer tradicionais, a paisagem, a memória, a etnobotânica ou a literacia ecológica, promovendo ações participativas como cartografias, caminhadas guiadas, workshops, refeições partilhadas, performances, conversas, exposições e publicações.

 

Nota: A inscrição nesta oficina inclui a oferta de um caderno de notas e de uma bebida silvestre.

 

Material necessário
Aconselhamos levar:

  • Calçado apropriado à caminhada;
  • Chapéu, se estiver muito sol;
  • Agasalho/impermeável, se estiver frio ou chuviscar;
  • Caneta para tirar notas. Nós oferecemos o caderno;
  • Caneca/copo, para beber uma infusão feita à base de ervas silvestres que vamos oferecer no final da deriva. Assim evita-se o uso de loiça descartável. Nós agradecemos e a Natureza também.

 

INSCRIÇÕES

BILHETEIRA ONLINE
Nos espaços do Museu do Porto ou Biblioteca Municipal Almeida Garrett.

 

Inscrições

2€

 

Cartão Porto, titulares do cartão Bibliotecas Municipais, colaboradores CMP e Empresas Municipais

1€

 

Estudantes

1,40€

 

Limite de 20 participantes. + info mdc.educativo@cm-porto.pt. ou (+351) 226057000.