Nova 018
11 de Julho 2021
Com renovação arquitetónica assinada por Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez, o antigo reservatório de água do Parque da Pasteleira é a primeira estação, a ocidente, do Museu da Cidade. A partir de hoje, o Reservatório reúne artefactos, vestígios e fragmentos encontrados em escavações ou recolhidos de edifícios e monumentos da cidade.
“Uma máquina de leitura da cidade”, apelidou Rui Moreira, “que também aponta para o futuro e para aquilo que é fazer cidade”. O presidente da Câmara do Porto lembrou como este edifício, desativado desde 1998, se revelou “o melhor local para iniciar o projeto do Museu da Cidade”.
“Esta é a estação mais ocidental no mapa do Porto, um espaço expositivo de cerca de 1250m2 e que dá uma nova vida e uma nova dignidade a este parque maravilhoso”, afirmou Rui Moreira, para quem “os arquitetos conseguiram fazer deste reservatório também um observatório”, dadas as vistas para todo o espaço.
Lembrando a Extensão do Douro como “mais uma conquista” e “prometendo um programa que expande o escrutínio sobre o território”, o presidente da Câmara do Porto sublinhou a ideia de que o Museu da Cidade “é um museu em construção”, à escala da cidade, perspetivando já a abertura de novas extensões.
Com a abertura a ocidente há um ciclo também que se inicia”, explica Rui Moreira, que “vai desde a terra, sondando camadas do solo, para regressar à terra, na última estação do mapa do Museu da Cidade, a mais oriental, que será na Bonjóia – a futura Extensão da Natureza, que será uma sementeira”.
Sobre a estação do Reservatório, o diretor artístico do Museu da Cidade garantiu que “foi a sua [de Rui Moreira] visão e audácia que resgataram este equipamento tão singular para a vida cultural da cidade”.
“O público pode começar a perceber a vocação do Museu que queremos construir, o alcance das relações que convoca, as circulações que quer ativar, as questões que quer levantar e ver discutidas ou refletidas”, afirmou Nuno Faria, que não quis perder o momento para “agradecer a oportunidade que nos é dada de, nestes tempos tão difíceis, continuarmos a criar estas estruturas que acreditamos ser essenciais para o nosso dia a dia e para o nosso futuro”.
A estação arqueológica do Reservatório é hoje um museu, um espaço de trabalho e de mediação e uma reserva viva que, nas palavras do diretor artístico do Museu, oferecem “vários estímulos e vários caminhos”.
Concebido como um labirinto do tempo o espaço do Reservatório estrutura-se em função de dois eixos: o primeiro, na horizontal, é topográfico; o segundo, na vertical, é estratigráfico.
O eixo topográfico distribui-se pelas diferentes alas do espaço expositivo e corresponde, simbolicamente, a zonas do território onde importantes campanhas de escavação, ocorridas ao longo dos séculos XX e XXI, revelaram formas de povoamento de várias épocas e todo o tipo de vestígios materiais, que permitem uma leitura espacial e temporal da evolução da cidade que hoje conhecemos. São elas a Barra do Rio e Plataforma Litoral; Frente Ribeirinha e Areias Altas; Morro da Penaventosa; Estradas e Caminhos.
O espectador desloca-se no espaço, mas também no tempo; à medida que vamos sondando o espaço em profundidade vamos chegando mais longe no tempo, atravessando diferentes épocas do período Histórico e Pré-histórico, a que, sucessivamente, correspondem, enquanto evidências materiais, diferentes artefactos ou fragmentos datados desses períodos: Épocas Contemporânea e Moderna, Época Medieval; Época Romana; Idade do Ferro; Idade do Bronze; Paleolítico.
A partir de hoje, a estação está aberta a toda a cidade.