Com Edmundo Cordeiro
21 MAR 2024 21:30–23:30
BIBLIOTECA MUNICIPAL ALMEIDA GARRETT
O filme tem um prólogo e quatro capítulos – as esperanças do fogo; as esperanças fuziladas; os surtos da amargura; o sono dos justos – descrevendo uma espécie de trajeto que vai da esperança à desolação. Entre o gás lacrimogéneo e os vapores de ópio, Philippe Garrel filma, num preto e branco deslumbrante (fotografia de William Lubtchansky), as noites impetuosas de um grupo de jovens de 20 anos em pleno Maio de 68. Sombras alucinadas, olhares embaciados, rostos intensos e cheios de amor nascente, as personagens libertam uma beleza de um outro tempo. No meio disso, um amor louco entre uma rapariga e um rapaz que reparam um no outro durante a insurreição. Todos os atores do grupo têm consciência de que foram filmados por um génio, o equivalente contemporâneo de Murnau, e que este filme é a nossa Aurora (Clothilde Hesme, atriz no filme, numa nota de apresentação da Cinémathèque Française).
Ano: 2005
Duração: 178′
Philippe Garrel (1948—) cineasta precoce, a sua vida quase que se confunde por inteiro com o cinema que fez. Nascido em 1948, saiu da escola aos treze anos, diz-se, fez o seu primeiro filme aos catorze, e depois aquele que surge creditado como sendo realmente o seu primeiro, aos dezasseis anos, Les enfants désacordés (1964). Aos dezanove anos fez Marie pour mémoire (1967), a sua primeira longa-metragem. É como se a Nouvelle Vague tivesse sido a sua escola intensiva. Muitos outros e grandes filmes se sucederam. Encarna em arte (no cinema) um certo espírito afetivo, não proclamatório, do Maio de 68 em França. E, a partir de determinada altura, nos seus últimos filmes, Garrel centra-se na forma melodramática.
Edmundo Cordeiro publicou, entre outros textos, os livros Actos de Cinema (2004) e Pedro Costa e Pierre Perrault (2013) e, recentemente, Cinema e Forma (Book Cover Editora, 2024). Realizou o filme Todas as Cartas de Rimbaud – Maria Filomena Molder (2017). É agregado em Estudos Culturais pela Universidade do Minho e coordena o Mestrado em Estudos Cinematográficos da Universidade Lusófona.
Entrada gratuita sujeita à lotação do espaço.
Bilhetes disponíveis nos balcões do Museu e Bibliotecas do Porto, 48h antes da sessão. Limitado a 2 bilhetes/pessoa.
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