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Fragmento de cerâmica tipo Penha c. 3.º milénio AC. Fotografia de António Alves
Protagonista da próxima sessão do ciclo que integra a programação do Museu e Bibliotecas do Porto será um fragmento de cerâmica, datado do terceiro milénio antes de Cristo.
Aquele que é, provavelmente, o vestígio de ocupação humana mais antigo da cidade do Porto, encontrado em contexto e durante escavação arqueológica do sítio do Lagarteiro, num terraço fluvial do rio Tinto, assumirá o protagonismo no encontro deste sábado do ciclo “Um Objeto e seus Discursos”.
A sessão decorre no Reservatório, às 18h de sábado, 22 de abril, e contará com intervenções de Susana Soares Lopes e de Sérgio Gomes. Susana Soares Lopes é professora catedrática aposentada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Especialista em Pré-História Recente da Península Ibérica (do Neolítico à Idade do Bronze), desenvolveu as suas investigações sobretudo no Norte de Portugal. Publicou diversas sínteses sobre a Pré-História Recente do território português. Sérgio Gomes é arqueólogo da Câmara Municipal do Porto. Licenciado em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Mestre e Doutor em Arqueologia pela mesma faculdade. Desenvolveu duas áreas de pesquisa: o estudo da Pré-história Recente de três regiões – o Alto Douro, o Médio Vouga e o Baixo Alentejo – e o estudo da história e da teoria da arqueologia enquanto disciplina científica e prática social.
O fragmento de cerâmica em questão distingue-se pela decoração rica, feita por incisão e organizada em padrões geométricos. Esta cerâmica é geralmente designada como tipo Penha, dado ter sido inicialmente identificada na estação arqueológica do monte da Penha, em Guimarães.
Vestígios como este foram encontrados em diversos pontos, entre o Norte de Portugal e a Galiza, sugerindo um diálogo entre as comunidades desta região, num contexto identitário e cultural que vai além da dimensão funcional deste objeto.
Testemunho de uma ocupação humana, agrícola e comunitária antiga no território do Porto, este vestígio, de pequena escala, é revelador da elevada significação simbólica dos fragmentos para as comunidades que as utilizaram.
Em depósito no Reservatório, este fragmento de cerâmica será objeto de uma próxima exposição naquele espaço da rede do Museu do Porto.
A participação nos encontros do ciclo “Um Objeto e seus Discursos” é gratuita, limitada à lotação do espaço e mediante inscrição prévia através de preenchimento de formulário. Mais informações através do e-mail objeto.discursos@cm-porto.pt ou 223 393 480.