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WALDEN, de Jonas Mekas

BIBLIOTECA MUNICIPAL ALMEIDA GARRETT

«Walden» (1968), Jonas Mekas

Há em «Walden» uma espécie de prolongamento do trabalho de Dziga Vertov: há, digamos, uma realidade, um grupo de pessoas que, por exemplo, caminha numa rua; essa realidade tem vários aspetos e esses aspetos, por sua vez, têm vários aspetos, infinitamente. Todos eles, fragmentados, interferem pela montagem constantemente uns com os outros, de várias maneiras, sem antes, durante e depois dos gestos, sem antes, durante e depois do que se esboça, numa espécie de moinho onde tudo se liga a tudo. A interação de tudo é mais visceral em Mekas. E ele, à parte a sua crença, tem a sua maneira – a imagem é o resultado disso. Não há ninguém que surja zangado em «Walden», por exemplo. Só ele escolhe assim. Mekas fala às imagens, e isso é tão comovente! E temos também a presença intensa, bruta, do vento contra o microfone, que é bom de sentir. E a luz “flashada”, recortando a imagem, fazendo aparecer e desaparecer os rostos, os corpos que dançam, que são dançados por ela, envolvendo-os com um êxtase de marionetas. Só Jonas Mekas faz assim. Se alguém quiser saber, daqui a mil anos, o que é (foi) este mundo e o que são (foram) estas pessoas, será a partir de «Walden» que poderá ter alguma relação com isso.

 

Ano: 1968
Duração: 177′

 

Jonas Mekas nasceu na Lituânia em 1922. Esteve num campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, num campo de deslocados depois da Guerra ter terminado, tendo ido a seguir para os Estados Unidos, para New York, em 1949. Um homem, jovem, que foi ficando sucessivamente sem o topos necessário à consolidação da memória. Mal arranjou dinheiro, comprou uma câmara de filmar com o seu irmão Adolph. Inseparável da sua câmara, começa a filmar tudo, construindo um «diário filmado». Em 1955 Mekas cria a revista «Film Culture». De 1958 a 1976 mantém uma crónica no «Village Voice», no início sobre filmes em geral, indiferenciadamente, e depois sobre filmes provenientes do chamado «cinema experimental» (ou «cinema underground»). Dirigiu, em New York, o «Anthology Film Archives», uma cinemateca do filme experimental.

 

Pedro Sobrado nasceu no Porto, em 1976. Formado em Ciências da Comunicação e Estudos de Teatro, é professor de literatura dramática na Universidade Lusófona. Trabalhou no departamento editorial do Teatro Nacional de São João, de que foi presidente do conselho de administração. É presidente da Museus e Monumentos de Portugal.

 

BILHETES

Entrada livre, sujeita à lotação do espaço, com abertura de portas 30 minutos antes da sessão.

ENDEREÇO

Jardins do Palácio de Cristal
Rua de Dom Manuel II
4050-239 Porto

AUTOCARRO

1M, 200, 201, 207, 208, 302, 303, 501, 507, 601, ZM, 12M, 13M
Circular Massarelos – Carmo

ESTACIONAMENTO

Palácio de Cristal