Orientado por Francisco José Viegas
SEG 3, 10, 17, 24 OUT 18H—20H (4 sessões)
3–24 OCT 2022
Auditório Biblioteca Municipal Almeida Garrett
Jaime Ramos por André Kosasih
Jaime Ramos, um detetive do Porto
Ao longo de 30 anos, em livros como Longe de Manaus, Um Crime Capital, A Luz de Pequim ou Melancholia, de Francisco José Viegas, o detetive Jaime Ramos elege o Porto como a sua cidade, aquela de que conhece e reconhece os recantos, e de que vai inventariando tudo o que nela desapareceu e não regressará jamais – mas também aquilo que permanece como um sinal da melancolia portuense. O Porto é a sua casa e uma grande parte da sua vida.
A geografia das investigações de Jaime Ramos, ao longo de 12 livros, estabelece-se sobre o mapa do Porto, o lugar onde tudo acontece: crimes, histórias de amor, recordações, vidas perdidas e resgatadas, memórias da sua vida como investigador.
Herdeiro e representante de uma tradição de detetives da literatura policial, Jaime Ramos é, no entanto, um investigador especial: preocupa-o a distinção entre lei e justiça; define-se a si mesmo como um biógrafo de vidas desesperadas; discute com as armadilhas da História e com as poderosas endogamias portuguesas; construiu uma relação especial com a cozinha; recorda o seu passado político; como pessimista, é um cómico que enfrenta o sofrimento dos outros. Tudo o interessa, como um erudito; nada o comove aparentemente, como um homem que vive à parte.
Assim, em diálogo com os livros que protagoniza e com o seu autor, este curso breve procurará fazer a história sentimental de Jaime Ramos como detetive do Porto, numa analogia permanente com a literatura do género (o romance policial) e a ideia de que não existe literatura policial.
Uma das sessões será apresentada pelo poeta e médico João Luís Barreto Guimarães, que analisará a relação de Jaime Ramos com a medicina legal, as autópsias – e a melancolia propriamente dita.
Sessão 1
– As interrogações de um escritor. O policial género menor, uma luta de classes na literatura. Um género sem voz que o defenda.
– Poesia e narrativa. Contaminação. O meu caso.
Sessão 2
– Da ideia de mistério à história dos grandes detetives.
– Uma tradição portuguesa do policial. Ross Pynn, Frank Gold, Dick Haskins, Strong Ross, Dennis McShade – heteronímia e esconderijo.
– Os truques.
Sessão 3 por João Luís Barreto Guimarães
– Jaime Ramos: medicina, autópsias e melancolia. Como se mata nos livros.
Sessão 4
– Manual de escrita: montagem, pintura, música, melancolia.
– Como nasceu Jaime Ramos. As heranças de um detetive. As influências.
Francisco José Viegas nasceu em 1962. Professor, jornalista e editor, é responsável pela revista Ler e foi também diretor da revista Grande Reportagem e da Casa Fernando Pessoa. De junho de 2011 a outubro de 2012 exerceu o cargo de Secretário de Estado da Cultura. Colaborou em vários jornais e revistas, e foi autor de vários programas na rádio (TSF e Antena 1) e televisão (Livro Aberto, Escrita em Dia, Ler para Crer, Primeira Página, Avenida Brasil, Prazeres, Um Café no Majestic, A Torto e a Direito, Nada de Cultura). Da sua obra destacam-se livros de poesia (Metade da Vida, O Puro e o Impuro, Se Me Comovesse o Amor) e os romances Regresso por um Rio, Crime em Ponta Delgada, Morte no Estádio, As Duas Águas do Mar, Um Céu Demasiado Azul, Um Crime na Exposição, Um Crime Capital, Lourenço Marques, Longe de Manaus (Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores 2005), O Mar em Casablanca, O Colecionador de Erva, A Poeira que Cai sobre a Terra e Outras Histórias de Jaime Ramos e A Luz de Pequim (Prémio Fernando Namora 2020 e Prémio PEN 2020 Narrativa).
Até 2 de outubro, valor de 7€ ou 3€ para utilizadores inscritos nas Bibliotecas Municipais do Porto e cartão Porto.
Limitado à lotação do auditório.
+ info e inscrições aqui.