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O novo programa foi concebido pelo Ao Cabo Teatro e procura juntar autores e criadores para trabalharem textos nos vários polos culturais da instituição. Arranca esta semana na Casa Marta Ortigão Sampaio e a entrada é livre.
A partir do conceito proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari no livro “Mille Plateaux”, o projeto “pla-tô” procura desmaterializar as formas dramáticas tradicionais, retirando-as dos palcos convencionais e dos ecrãs. Dessa feita, e por convite do Museu da Cidade, a companhia Ao Cabo Teatro promove “uma coleção de pontos de fuga em várias paisagens da cidade”, conforme se lê na nota de intenção desta iniciativa.
Para o efeito, a companhia convidou autores para habitarem diferentes espaços e outros tantos criadores a trabalhar os textos deixados para serem levados a cena. Assim, são três os momentos propostos ao longo dos próximos meses, com paragens na Casa Marta Ortigão Sampaio, Biblioteca Sonora (situada na Biblioteca Pública Municipal do Porto) e na Extensão do Romantismo.
O início do projeto acontece já nesta sexta-feira, com a apresentação de “Desfazer – Monólogo para um Museu”, entre as 14h00 e as 17h00, com repetição no sábado e domingo, e que resulta do encontro das palavras do autor André Tecedeiro e da performer Carminda Soares. O “processo de escolher o que é que se quer manter e o que nos falta? Em que é que nos vemos a viver, a habitar connosco numa casa no futuro?” é o ponto de partida para a construção deste texto, que em outubro de 2021 levou o autor André Tecedeiro a uma residência artística na Casa Marta Ortigão Sampaio.
Agora, é a vez da performer Carminda Soares habitar o local e, a partir do “texto que não foi pensado para a oralidade”, construir uma instalação que será agora aberta à participação coletiva. Neste projeto, e a partir de três excertos do texto, o público será convidado à leitura em voz alta, podendo ser leitor e, em simultâneo, ouvinte.
As salas Aurélia de Souza, Sofia de Souza e a Biblioteca da Casa Marta Ortigão Sampaio serão palco da performance duracional, de sexta a domingo, entre as 14h e as 17h. A participação é gratuita.
O programa continua em dezembro, com o projeto “Madame de Quay, um drama sonoro”, escrito por Gonçalo Waddington e interpretado pelo ator e encenador Luís Araújo, na Biblioteca Sonora; e decorre ainda em janeiro com a apresentação de “Os dias e os meses”, do autor João Pedro Vaz, com interpretação da performer Sofia Saldanha, na Extensão do Romantismo.
Texto: José Reis / Ágora: Cultura e Desporto