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Abril chega ao ritmo das palavras de Camilo

As comemorações do bicentenário de Camilo Castelo Branco na cidade prosseguem durante o mês de abril, ao ritmo das palavras do escritor. Entre cursos, concertos, visitas e conversas, o Museu e as Bibliotecas do Porto exploram a complexidade da escrita e a combinação entre o romantismo e o realismo, sempre com a audácia que carateriza o autor.

Ainda em março, no dia 31, e estendendo-se até 28 de abril, o curso breve “Leitoras de Camilo” convida quatro vozes femininas, leitoras e estudiosas da obra camiliana, para trazer diferentes interpretações da vida e da obra do romancista. Durante quatro sessões, Dália Dias, Elzira Sá Queiroga, Manuela Espírito Santo e Sónia Silva discutem diversos aspetos da obra do escritor, com destaque para a leitura de Camilo nos dias de hoje, as memórias do cárcere, o simbolismo da gastronomia nas suas histórias e as mulheres que marcaram a sua vida.

Acordes e Palavras: A Música que inspirou Camilo

As celebrações fazem-se, também, com música e o ciclo “Camilo e a Música do Seu Tempo”. Nos dias 5, 12 e 26 de abril, o Museu Romântico será palco de concertos que revisitam o contexto musical que marcou a vida do autor. Durante o século XIX, a vida musical em Portugal ficou marcada pela ópera italiana e por várias manifestações de música de salão. Camilo Castelo Branco mergulhou nesse mundo, que o inspirou e acompanhou a sua experiência na cidade do Porto.

Partindo das críticas musicais do romancista, vai ser possível ouvir obras de compositores contemporâneos do autor, como Nicolau Ribas, João Guilherme Daddi e, em alguns casos, amigos pessoais como Francisco Sá de Noronha. Seguindo o formato dos saraus musicais novecentistas, as apresentações serão intercaladas com leituras de textos de Camilo Castelo Branco e seguidas de uma breve conversa sobre o autor e o contexto musical do Porto no seu tempo.

Visitar as memórias de Camilo e Gertrudes Costa Lobo

A 12 de abril, as “Conversas com Camilo” trazem à Biblioteca Municipal Almeida Garrett uma discussão sobre “Amor de Perdição — Memórias de uma Família”. Uma sessão com Tânia Furtado Moreira e Cristina Sobral, moderada por Sandra Sousa, irá explorar o contexto de uma obra que reflete a tragédia do amor proibido e a herança familiar de Camilo, escrita sob grande pressão.

O Museu e Bibliotecas do Porto propõe, ainda, uma visita orientada ao Jardim Marques de Oliveira para explorar a relação de Camilo com Gertrudes Costa Lobo, sua musa e inspiração para a personagem Virgínia em “Memórias de Guilherme Amaral”. A iniciativa, a 27 de abril, será acompanhada de leituras de cartas e excertos do diário de Gertrudes, aprofundando o conhecimento sobre o romance e o legado camiliano. Uma visita que inclui uma passagem pelo Cemitério do Prado do Repouso, local do encontro entre ambos e onde jaz Gertrudes Costa Lobo.